A mudança mais rápida partiu do próprio eleitor
O eleitor mudou seu comportamento mais rápido que o político. Uma surpresa, porque quem conhecia à fundo as novas regras para as eleições eram os candidatos e partidos. Mas a reação do cidadão às estratégias de campanha foi mais firme e ganhou um novo posicionamento. Bom para refletirmos sobre como atuar politicamente, tanto no dia a dia, quanto no período eleitoral.
Foram 45 dias de campanha eleitoral que, em tese, favoreceriam os mais conhecidos. E se aplicarmos aos resultados percebemos uma renovação bastante expressiva. Mas os ‘novos’ eleitos não são assim tão novos para o eleitorado. Muitos deles já disputaram outras eleições ou tinham algum tipo de trabalho segmentado na sociedade.
Algumas verdades foram constatadas. A primeira delas é que o brasileiro está mesmo cheio de política, devido à crise moral e ética que estamos assistindo a cada novo noticiário televisivo. Uma grande frustração toma conta de todos. Ao mesmo tempo é inusitado o fato de que a maioria nem consegue mais se indignar com tanto escândalo financeiro e de propina. Talvez a constante recorrência, quase que diária, tornou o sentimento tão repetitivo que já não temos mais energia para nos indignar todos os dias. É como assistir um mesmo filme por várias vezes. Com o tempo, você não vai chorar nas partes emocionantes e nem cair de gargalhadas nos trechos mais engraçados.
Outra grande verdade é que o eleitor não aceitou ostentações, barulhos, bandeiras, apitos e invasões de espaço público em dias de compras com a família, por exemplo. Essa foi a grande adaptação à nova legislação eleitoral. O eleitor foi mais rápido que o candidato. Também já era tempo! Grupos políticos de cores diferentes se aglomerando em um mesmo espaço público para assediar o cidadão, exatamente em seu dia de folga? Sem contar que parece até uma concentração para o combate.
O eleitor mudou sim! Agora estamos de frente do cidadão que quer ter o seu espaço preservado. Quer a sua privacidade para poder andar pelas ruas sem abordagens ‘bruscas’ e de alto impacto. Voltou realmente a campanha da ‘sola do sapato’ e da conversa ‘ao pé do ouvido’. Muitos candidatos não perceberam esse posicionamento em tempo. Mas ficou a certeza de que muita coisa mudou além da Lei.
Sobre a relação política, também ficou a experiência de que milagre é só com Deus mesmo. Criar uma página do Facebook em período eleitoral não trouxe grandes resultados para os candidatos. Com raras exceções, a maioria deles não soube usar as Mídias Sociais, até porque deveriam estar fazendo isso há muito tempo e não só na época da campanha. A construção de imagem pessoal é um trabalho rotineiro, diário e de longo prazo. Ninguém constrói sua imagem em 30 ou 40 dias.
No mundo real, também fica a lição de que muitos amigos podem se transformar em ‘mui amigos’ na hora de mobilizar a candidatura. Não basta ter relação com instituições, escolas e outros segmentos da sociedade se o candidato não estabelecer um acordo de ajuda mútua. Fica mais fácil para quem tem uma obra ou um trabalho reconhecido pela sociedade. Com certeza o eleitor sempre irá referendar e apoiar através do seu voto.
Valeu então a experiência e os vários ‘recados’ enviados pelo eleitorado às campanhas e principalmente pelo voto de cada um. Se votou certo ou errado, só o tempo vai dizer. Mas já disseram por aí: democracia é um aprendizado constante.
O eleitor mudou seu comportamento mais rápido que o candidato